O termo Deus que usamos para designar o ser supremo que adoramos vem do grego Theos e serve, também, para traduzir geralmente a expressão El, do hebraico, que era a designação para uma divindade. Serve, ainda, para traduzir 'Elohim e Elyon, também do hebraico, que eram as designações mais comuns do Deus único, eterno e criador, cujo nome pessoal é Yahweh.
Tem sido um termo mal empregado por muitos que desconhecem ou
rejeitam a existência do Deus verdadeiro, como é o exemplo de adeptos
das idéias de Platão que pensava em Deus como sendo a mente eterna, a
causa do bem na natureza. Outros definiam Deus como sendo a existência
completa de todo ser e que cada ser seria apenas uma derivação dele.
Filó-sofos mais modernos também empregaram o termo de forma errada, tais
como Fichte, para quem Deus era apenas a ordem moral do universo; ou
como Hegel que considerava Deus o espírito absoluto porém sem
consciência, até que se torne consciente na razão e pensamentos do
homem; ou, ainda, Augusto Comte, para quem Deus era a própria humanidade
ou sociedade na sua amplitude.
Hoje continuam existindo as mais diversas idéias a respeito de Deus
no meio chamado cristão e, até mesmo, no meio chamado evangélico. Há os
que pensam que Deus tem uma mãe, outros que pensam que Deus é a
natureza, outros que pensam que Deus é um ser completamente
transcendente (distanciado de tudo). Outros, ainda, pensam que é somente
um poder espiritual imanente no universo e uma força criadora em forma
de energia.
Enfim, não há
verdade na expressão tão corriqueira de que o nosso Deus é o mesmo Deus
de todas as pessoas. Quem é Deus, de fato? À luz da Bíblia podemos
conhecer o que Deus revelou dEle mesmo a nós.
DEUS É O SER ETERNO
Gên 21.33; Isa 40.28; Sal 90.2
Esta é a primeira característica
do Deus verdadeiro e é uma característica que é peculiar a ele somente.
Deus não é um ser eterno, mas é o ser eterno. Ele é único. Não tem
princípio nem terá fim; sempre existiu e sempre existirá. Não há
qualquer outro ser no universo que seja como Deus, porque mesmo os que
foram criados por Ele e passaram a ter uma existência sem fim, um dia,
ao serem criados, tiveram um princípio. Assim são os seres celestiais
(mesmo os que caíram); assim são os seres humanos. Suas existências se
prolongarão pela eternidade, porém em alguma época tiveram um princípio.
No entanto, Deus não é assim. Ele é eterno. Os patriarcas sabiam
disso. Abraão, seus descendentes, Moisés, os profetas, os apóstolos,
adoravam e serviam ao Deus eterno. O apóstolo Paulo declarou que ele é o
único que possui imortalidade (1Tim 6:16). O próprio Deus decla-rou sua
eternidade a Moisés, quando este perguntou a quem deveria anunciar aos
hebreus como seu mandatário e recebeu a seguinte resposta: “EU SOU O QUE
SOU. (...) Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós
outros.” (Êxodo 3:14).
Uma
interessante observação que é feita por Henry Clarence Thiessen, autor
de Palestras em Teologia Sistemática, editada pela Imprensa Batista
Regular, São Paulo, é que Deus “é a causa do tempo” (pág. 77). Lembra
que tanto espaço quanto tempo estão entre as coisas que foram feitas por
ele.
DEUS É O SER ONIPRESENTE
Sl 139.7-12; Jer 23.23,24; At 17.27,28
Deus pode estar, ao mesmo tempo,
em todos os lugares do universo, pode estar junto de cada ser humano,
está em cada crente em Cristo. Sua pessoa transcende o espaço e não é
restrito a lugares.
Deve-se
ter o cuidado, no entanto, para não se pensar como os panteístas ou os
naturalistas que crêem que Deus está, necessariamente, em todas as
coisas ou em toda a natureza. Também não se pode pensar que Deus está
obrigatoriamente em lugares onde as características são contrárias à sua
natureza moral. Deus pode interferir, mas não tem que estar, inerte,
observando ou sendo obrigado a participar do que não deseja participar
(Amós 5.23).
DEUS É O SER ONISCIENTE
Sal 147.5; Prov 15.11; ; Heb 4.13
Há
uma idéia tacanha a respeito da onisciência de Deus: a de que ele é
onisciente porque conhece a mente do homem. Alguns até desen-volveram a
idéia de que Satanás não conhece a mente do homem porque ele não é
onisciente.
Se a onisciência de Deus fosse somente isto, seria muito pouco. Deus
é onisciente porque conhece todas as coisas, em todos os lugares e em
todos os tempos. Ainda é Thiessen quem diz: “Com onisciência de Deus
queremos dizer que ele conhece a si próprio e todas as outras coisas,
quer sejam reais ou apenas possíveis, quer sejam passadas, presentes ou
futuras, e que ele as conhece perfeitamente e por toda a eternidade. Ele
conhece as coisas imediata, simultânea, completa e verdadeiramente.
“(Op. cit., Pág 78)
Talvez o que mais possa caracterizar Deus como o ser onisciente,
seja a sua capacidade de conhecer a si próprio de modo total e completo.
Quem seria capaz de conhecer Deus em sua totalidade a não ser ele
próprio?
DEUS É O SER ONIPOTENTE
Gn 17.1; Mt 19.26; Ap 19.6
Tiessen
lembra que “para o cristão, a onipotência de Deus é uma fonte de grande
conforto e esperança” (op. cit. p. 80). E realmente o é. Ser servo
daquele que tem todo o poder em todo o universo é algo confortante e
maravilhoso. No entanto, deve ser observado que há o outro lado da
moeda: para os descrentes, para os que rejeitam Deus e sua soberania, a
sua onipotência é sinônimo de pavor porque é a indicação infalível para
verdade que um dia todo joelho se dobrará diante dele (Fp 2.10).
Não precisamos ficar a analisar demoradamente o que seria
onipotência, uma vez que a expressão é precisa em indicar o seu próprio
significado: todo o poder, poder total. Deus é o único ser em todo o
universo que tem e detém para si todo o poder (Sl 62.11). O poder
pertence a ele somente, não existindo nenhum outro ser em todo o
universo que divida o poder com ele, Deus. A onipotência de Deus é
manifestada na sua vontade infinita, que é capaz de fazer tudo o que
deseja, de criar tudo do nada.
Mas precisamos analisar alguns aspectos dessa onipotência de Deus que tem sido mal compreendida ou mal observada por tantos.
1. A onipotência de Deus não o obriga a fazer coisas que sejam contrárias à sua natureza.
Lewis Sperry Chafer, em sua obra
de Teologia Sistemática, Vol I, editada pela Imprensa Batista Regular,
São Paulo, 1986, diz: “A capacidade divina de criar um universo a partir
do nada através da vontade é a grande manifestação de poder. Tal poder
só pertence a Deus. Ele é capaz de fazer tudo o que deseja, mas ele pode
não desejar agir na medida plena de sua onipotência. Sua vontade é
dirigida para fins santos e dignos. Ele não pode se contradizer” (pág.
178). Ele não pode mentir (Hb 6.18); ele não pode negar-se a si próprio
(2Tm 2.13); ele não pode praticar pecado (Tg 1.13). Se Deus, para provar
o seu poder fizesse essas coisas, deixaria de ter a natureza que tem,
na qual não pode existir qualquer resquício de malignidade. Tiessen
afirma que Deus “pode fazer qualquer coisa que esteja em harmonia com a
sua natureza” (p. 79).
2. A onipotência de Deus não o obriga a fazer o que ele não desejar.
Ele deixaria de ser
onipotente se fosse obrigado a fazer qualquer coisa ou, até mesmo, se
fosse obrigado a deixar de fazer qualquer coisa. O poder de Deus lhe dá a
condição de se auto-limitar e isto porque só ele próprio poderia criar
limites para si, sendo isto impossível para qualquer outro ser no
universo. Aliás, essa é a grande luta de Satanás contra Deus: limitar
Deus no seu poder ou desvirtuar o poder de Deus. Essa é a luta que vemos
no episódio da criação, mas vemos também ali, Deus mantendo sua
onipotência. Sendo onisciente, Deus já sabia que o homem pecaria, mas se
deixasse de criar o homem para que este não pecasse, estaria sendo
limitado não por si próprio, mas por Satanás que levaria o homem a
pecar. Se criasse o homem sem capacidade de escolher suas próprias
atitudes, também estaria sendo limitado por Satanás, uma vez que
desejava criar um ser que seria à sua imagem e à sua semelhança. O plano
de salvação estabelecido por Deus antes mesmo da criação do mundo é uma
manifestação da natureza de Deus incomparável. Ele manteve a sua
onipotência porque criou o homem e manteve a capacidade de escolha do
homem apresentando-lhe duas escolhas consecutivas e conseqüentes: a
primeira escolha seria não morrer; e a segunda escolha (já que o homem
escolheu morrer) seria o homem receber de volta a vida. Tanto a
soberania onipotente de Deus, quanto a liberdade de escolha do homem
foram mantidos na criação e no plano de salvação. Deus só fez o que ele
desejou fazer e não deixou de fazer o que queria.
3. A onipotência de Deus é eterna.
Quando ensinava como o servo de
Deus deve orar, Jesus declarou que ao Pai pertence o reino, e o poder, e
a glória, para sempre (Mat 6.13); o apóstolo Paulo, escrevendo sua
carta aos da igreja de Roma, declara que o poder de Deus é eterno (Rom
1.20). Não é uma característica de Deus que pode cessar. O poder de Deus
não é um poder limitado ao tempo, porém dura para sempre. Se fosse
limitado ao tempo não seria onipotência pois, de alguma maneira, teria
um limite.
4. A onipotência de Deus é declarada na natureza.
Lembrando, ainda, das
palavras do apóstolo Paulo aos romanos, observamos que o poder de Deus
pode ser compreendido e claramente visto através das coisas que foram
criadas. Nenhum outro ser poderia criar o universo, as coisas que vemos e
as que não vemos. Há pessoas que pensam na natureza como se ela própria
tivesse um poder pessoal e, até mesmo, como se fosse onipotente. No
entanto, toda a natureza, em sua complexidade infinita, manifesta que um
ser todo-poderoso criou todas as coisas, organizando-as sob todos os
aspectos.
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