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sexta-feira, 29 de abril de 2016

OURO EM FOCINHO DE PORCO.



Desde a época do Velho Testamento, a Bíblia não deixa de destacar a beleza física das mulheres, como fez com Sara (Gn 12:11), Rebeca (Gn 24:16), Raquel (Gn 29:17), Abigail (I Sm 25:3), Rute (Rt 2:2; 4:13);Bate-Seba (II Sm 11:2) e Ester  (Ester 2:7). Contudo, jamais a Bíblia elevou a beleza física acima da beleza interior, como lemos em I Tm 2: 9, 10: “Da mesma forma, quero que as mulheres se vistam modestamente, como decência e discrição, não se adornando com tranças e com ouro, nem com pérolas ou com roupas caras, mas com boas obras, como convém a mulheres que declaram adorar a Deus.”. Entretanto, atualmente ante a idolatria pela aparência, prefere-se enfeitar por fora, esquecendo-se do interior. Muitos preferem alguém com defeito de caráter a um defeito estético, preferem relacionar com alguém que seja formoso por fora, ainda que sem caráter cristão. Mas, biblicamente isto não deve ser assim. Claro, existem aquelas pessoas que agregam tanto a beleza interior como a exterior. Para muitos, especialmente, para os jovens, tudo é negociável menos a beleza exterior. Para estes, a falta de caráter e o mundanismo são coisas supérfluas e sem relevância, que não afetam no relacionamento. O que não pode faltar é a beleza exterior, alegam. Muitas mulheres tentam encobrir a falta de caráter apelando para a beleza. Isso é trágico. Para o jovem a beleza chega a ser inegociável. Chega a um ponto a idolatria pela aparência, que em muitos e muitos casos, os jovens namoram para impressionar os outros com sua bela escolha, ainda que o relacionamento seja um caos. Desejam que todos vejam a linda pessoa ao seu lado, não importando se estão apenas com uma bela embalagem, sem conteúdo. Porém, os que conseguem encontrar alguém de boa aparência exterior e interior, são agraciados. Não defendemos a tese de que beleza exterior não deve ser levada em conta. Só não pode ser  um critério determinante, pois a Bíblia não nos ensina assim.
Observemos o que diz Provérbios 11:22, Neste texto, Salomão nos adverte, dizendo: “Como joia de ouro em focinho de porco, assim é a mulher formosa que não tem discrição”.  Os porcos eram considerados animais imundos, daí o contraste de uma joia de ouro em seu focinho. Por acaso, o porco fica mais bonito com um anel de ouro em seu nariz? Não. Semelhantemente, a beleza exterior da mulher não é capaz de suprir sua falta de discrição, prudência e discernimento. Uma mulher sem discrição é uma mulher de comportamento desregrado e dissoluto. Mesmo que uma mulher seja aparentemente linda, se sua conduta for imprudente e sem discrição, sua beleza perde o valor diante da feiura de seu caráter. É a joia no focinho do porco! A mulher cristã precisa preocupar-se mais com sua beleza interior, em desenvolver seu caráter cristão, em ser discreta, prudente, feminina, do que seguir o caminho de muitas mulheres deste mundo que vivem para exibir sensualidade, buscando apenas uma beleza exterior, adotando a vulgaridade como estilo de vida. Para a mulher cristã, a beleza que a Bíblia lhe exige, não pode ser substituída por cabelos bem cortados, vestir-se bem, muita malhação, estar bem maquiada e no peso ideal, embora nada disso seja errado sem si mesmo. Não é isto que torna uma mulher bela aos olhos de Deus. Provérbios 31: 26 a 31 descreve a verdadeira beleza da mulher cristã: “Fala com sabedoria, e a instrução da bondade está na sua língua. Atende ao bom andamento da sua casa, e não come o pão da preguiça. Levantam-se seus filhos, e lhe chamam ditosa, seu marido a louva, dizendo: Muitas mulheres procedem virtuosamente, mas tu a todas sobrepujas. Enganosa é a graça e vã a formosura, mas a mulher que teme ao Senhor, essa será louvada. Daí-lhe do fruto das suas mãos, e de público a louvarão as suas obras”.Esse tipo de beleza bíblica, nenhum salão de beleza, nenhuma roupa da moda, maquiagem, academia, nada pode produzir. É o temor do Senhor no coração da mulher cristã é que produz tal virtude.  
Aprendemos então que, conforme o ensinamento de Provérbios, a mulher, por mais linda que seja, se não tiver discrição, terá sua beleza manchada como uma joia de ouro num focinho de porco. Discrição é não ter a intenção de chamar a atenção, que sabe diferenciar o certo e o errado, que tem discernimento, recatado. Neste caso, a mulher pode continuar sendo formosa, mas por sua falta de discrição, está totalmente fora do propósito para qual Deus a criou e lhe deu a beleza. Assim como uma joia de ouro não foi feita para ser colocada num focinho de porco, e não é capaz de embelezá-lo,  da mesma maneira, a formosura da mulher não substituí a falta de beleza interior. Muitas mulheres (até mesmo cristãs!) hoje em dia, neuróticas por aparência, esqueceram-se da beleza interior, abandonaram a piedade, o temor a Deus, tornando-se vulgares em suas maneiras de vestir, falar, ser e relacionar. São a estas que a Bíblia diz serem como joias em focinho do porco. Elas continuam formosas, como uma joia é, mas estão usando sua beleza dada por Deus, para o fim errado, fora do Seu propósito. Neste caso, a feiura interior prevalece sobre a beleza exterior. Aprendemos que a mulher formosa como descrita em Provérbios 31, está fora de moda para o mundo de hoje. Contudo, a Bíblia toda é fora de moda! Seguir a Cristo é andar na contracultura deste mundo em todos os aspectos da vida! Portanto, que todas as mulheres preocupem-se mais com sua beleza interior, pois até mesmo isso é capaz de refletir na beleza exterior, o que não acontece se invertermos a ordem. Que as irmãs continuem cuidando da beleza exterior, pois isso não é pecado e ser formosa é algo que a Bíblia mesmo destaca em muitas mulheres. Provérbios mesmo compara a beleza da mulher como uma joia!  Mas, aprendemos também que ser apenas uma mulher formosa sem a devida discrição é algo repugnante. Se a formosura da mulher não está acompanhada por uma vida e um comportamento virtuoso e discreto, será exposta e tornará algo desprezível para Deus, ainda que louvada pelos homens. Destacamos o texto de I Samuel 25:32 e 33 em que Abigail foi louvada pelo seu reto juízo, algo de inestimável valor, como lemos:”Davi disse a Abigail: Bendito seja o Senhor, o Deus de Israel, que houve a enviou ao meu encontro. Seja você abençoada pelo seu bom senso e por evitar que eu hoje derrame sangue e me vingue com minhas próprias mãos”. Este é o imprescindível valor de uma mulher biblicamente virtuosa na vida de um homem!  E, por fim, temos a exortação de I Pedro 3: 3 a 6: ‘A beleza de vocês não deve estar nos enfeites exteriores, como cabelos trançados e joias de ouro ou roupas finas. Ao contrário, esteja no ser interior, que não perece, beleza demonstrada num espírito dócil e tranquilo, o que é de grande valor para Deus. Pois assim que também costumavam adornar-se as santas mulheres do passado, que colocavam  sua esperança em Deus...” Portanto, existem mulheres que são lindas e feias ao mesmo tempo. Isso acontece quando são formosas por fora, mas sem discrição, sem temor a Deus e sem as qualidades descritas nos textos bíblicos citados. Estas, são comparadas, pela Bíblia, como joias de ouro em focinho de porco.
ALEXANDRE PEREIRA BORNELLI

SEM SANTIDADE...

 
 
 
Vivemos em tempos onde a saúde física e a boa forma viraram um deus na sociedade.
A  velha expressão: "saúde é o que interessa" é o que move as pessoas a acordarem cedo para malhar, esteja frio ou calor, cansadas ou não, elas arrumam tempo para isso. 
Mas, a Bíblia exorta em alto e bom som: Santidade é o que interessa! E como vemos pessoas preguiçosas em buscar a santidade! Tudo é um grande obstáculo: o frio, o calor, a chuva, o cansaço, etc. 
A Palavra de Deus não está negando que precisamos de boa saúde. Ao contrário, somos exortados a cuidar nosso corpo de forma saudável, pois somos templos do Espírito Santo (I Cor 6:18 a 20). 
O que as Escrituras ensinam é que "sem  santidade ninguém verá a Deus" (Hb 12:14) e não, sem saúde física. Podemos não ter boa saúde por problemas que fogem ao nosso alcance ou mesmo por negligência nossa, o que não é o ideal. 
Contudo, a santidade está em nosso alcance se a buscarmos com diligência, e deve ser alcançada por todos, pois é uma ordem de Deus à nós. Além do mais, o Espírito Santo nos ajuda em nossa santificação. Portanto, não temos desculpas.
Alexandre Pereira Bornelli

quinta-feira, 28 de abril de 2016

A identidade do povo de Deus



"E, chegando-vos para ele, pedra viva, reprovada, na verdade, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa,
 Vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo.
 Por isso também na Escritura se contém: Eis que ponho em Sião a pedra principal da esquina, eleita e preciosa; e quem nela crer não será confundido.
E assim para vós, os que credes, é preciosa, mas, para os rebeldes, a pedra que os edificadores reprovaram, essa foi a principal da esquina,
 E uma pedra de tropeço e rocha de escândalo, para aqueles que tropeçam na palavra, sendo desobedientes; para o que também foram destinados.
Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz;
Vós, que em outro tempo não éreis povo, mas agora sois povo de Deus; que não tínheis alcançado misericórdia, mas agora alcançastes misericórdia."
(1Pedro 2.4-10)


Introdução 
O roteiro do filme Desconhecido suscita uma reflexão a respeito da importância da nossa identidade pessoal. O personagem principal, Martin Harris (Liam Neeson), é um americano que está viajando em Berlim, onde sofre um acidente de carro e perde todos seus documentos. Acorda depois de quatro dias de coma, sem saber sua verdadeira identidade e, para piorar, encontra outro homem usando sua identidade e casado com sua esposa.   
O filme leva-me à seguinte reflexão: estar numa terra estrangeira sem nossa própria identidade é uma experiência muito difícil, e pior do que isso é encontrar outra pessoa assumindo nossa identidade. 
De acordo com Pedro, nós, como povo de Deus, somos forasteiros e peregrinos (1Pe 1.1; 2.11). Não pertencemos a este mundo. E nessa peregrinação, não podemos nos esquecer quem nós somos, ainda mais considerando que tantos grupos religiosos assumem nossa identidade. Atualmente, há muitos grupos que ostentam a identidade de “igreja”. Há tantas igrejas e denominações. Ás vezes, pergunto-me se sou “evangélico”, uma vez que há tantas igrejas evangélicas com doutrinas e práticas tão distantes da Palavra de Deus. Precisamos urgentemente refletir quem nós somos. 
Proponho uma reflexão a respeito de nossa identidade como povo de Deus a partir de 1Pedro 2.4-10. 
A identidade dos leitores de Pedro
Para uma compreensão adequada de 1Pedro 2.4-10, precisamos entender o pano de fundo da 1ª Epístola de Pedro. Essa carta foi escrita por Pedro por volta do ano 63 d.C., pouco antes de seu martírio ocorrido em 64 d.C. Naquela situação, o fogo da perseguição estava se levantando contra os cristãos (1Pe 4.12). Eles eram contristados por “várias provações” (1Pe 1.6).
Pedro escreveu essa carta com o propósito de encorajar aqueles crentes perseguidos, exortando-os a permanecer firmes na graça de Deus (1Pe 5.12). 
Os leitores de Pedro eram estrangeiros e peregrinos (1Pe 1.1; 2.11). Tinham sido desarraigados da terra natal por causa da perseguição. Perderam seus bens e suas casas, mas não poderiam perder a memória de quem eram. Naquele contexto de perseguição, Pedro descreve a identidade deles em 1Pe 2.4-10. Precisamos entender quem nós somos e como somos, sobretudo nesses dias em que há um levante declarado contra os valores da Palavra de Deus.  
A principal a afirmação de 1Pedro 2.4-10 é que a igreja é uma unidade corporativa. É a comunidade do povo de Deus. É um grupo. Não éramos povo, mas agora somos povo de Deus (v.10). 
Para melhor entender a comunidade que originalmente recebeu a carta de Pedro, recorro à pesquisa de John H. Elliott, que constatou duas palavras que orientam nossa compreensão da identidade do povo de Deus:1

1) paroikoi, “forasteiros” (1.1), termo que designa pessoas morando em terra estrangeira, que não possuem os mesmos direitos dos cidadãos. Essa era a situação social dos leitores de Pedro: estavam espalhados por toda a Ásia Menor (1.1.). Estavam longe de casa. 
2) oikos, “casa”, uma referência à família universal do povo de Deus (2.5; 4.17). 
O primeiro termo, paroikoi, significa “estar sem casa”, e o segundo termo, oikos, significa “casa”. A oikos oferece segurança e proteção para os paroikoi (aqueles que estão sem casa). A carta de Pedro reitera que “aqui e agora a comunidade cristã constitui uma casa para os alienados e marginalizados”2 e assegura aos cristãos forasteiros da Ásia Menor “que na comunidade cristã todos os sem casa encontram uma casa na família de Deus”3.
Os “forasteiros” formam a comunidade do povo de Deus. Eles são acolhidos por Deus (1Pe 1.3) para formarem a comunidade de acolhimento (1Pe 4.7-10). Observamos, então, que nossa identidade é definida em termos de nossa relação para com Deus e em termos de nossa relação para com o mundo. 
1. A nossa identidade para com Deus: v4
No v.4, Pedro nos convoca para achegarmos a Deus e no v.5 afirma que fomos estabelecidos para oferecermos um culto agradável a Deus. Portanto, nossa identidade é definida em termos de nossa relação com Deus.  
Somos pedras que vivem: v.5
No v.4, Pedro afirma que Jesus é a pedra que vive. Apesar de rejeitada pelos homens, ela é eleita e preciosa para Deus.   
Cristo, e não Pedro, é a pedra sobre a qual a igreja está edificada. O próprio Pedro ouviu de Jesus: Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela (Mateus 16.18). E, dirigindo-se para o Sinédrio, Pedro afirmou que Jesus é a “pedra rejeitada por vós, os construtores, a qual se tornou pedra angular” (Atos 4.11). 
Pedro diz que seus leitores eram pedras vivas identificadas com a pedra viva, Cristo: “também vós mesmos”, diz o início do v.5. Eles eram forasteiros e peregrinos. Tinham sido desalojados de suas casas por causa da perseguição, mas precisavam saber que não eram somente forasteiros rejeitados pelos homens, eram pedras vivas. O Senhor Jesus, a pedra viva, também tinha sido rejeita pelos homens. Mas essa pedra era preciosa e, de igual forma, aqueles crentes da Ásia Menor, apesar de rejeitados pelos homens, eram preciosos aos olhos do Senhor. 
Somos pedras que vivem porque recebemos vida da Pedra que vive. Jesus está vivo, por isso temos esperança viva. O Senhor é o Deus vivo e presente. Ele não é o Deus dos mortos, mas é o Deus dos vivos. 
A voz poderosa de Deus traz vida. Todos nós um dia ouvimos a voz poderosa de Deus e saímos de nosso túmulo espiritual. Recebemos vida do Deus da vida.
Somos pedras vivas edificadas sobre a Pedra Angular Viva. Estamos sendo edificados pelo próprio Deus. No v.5, o verbo “sois edificados”, está na voz passiva: “estão sendo edificados”.  Somos pedras vivas na construção da “casa espiritual” que o próprio Deus está construindo. Essa construção (nossas vidas) não pode ser abalada porque Deus é o construtor e Cristo é o alicerce. 
Então, ainda que sejamos forasteiros e peregrinos, na verdade, somos pedras vivas que são usadas na construção de Deus. E é isso que importa. Não precisamos temer, se a igreja de Cristo for severamente perseguida nos próximos anos, pois as pedras vivas estão estabelecidas sobre a Pedra que esmiúça os impérios e reinos (Dn 2.45). 
Às vezes, pego-me preocupado com o futuro da igreja. A situação atual não é fácil e o futuro da igreja parece estar comprometido, humanamente falando. O secularismo, o humanismo e o ceticismo têm tomado conta de nossas escolas, faculdades, universidades e até seminários teológicos, e nossos filhos têm recebido toda essa bagagem diabólica. No Senado, leis que ofendem a Palavra de Deus estão em trâmite. No cenário evangélico, muitas igrejas estão mercadejando a Palavra de Deus. Escândalos dentro da comunidade da fé evangélica levam os pagãos a blasfemarem contra Deus e contra Sua Palavra. 
O que será de nós, povo de Deus?
Meu coração, porém, se aquieta na presença de Deus quando Ele, em Sua Palavra, me diz que as portas do inferno não prevalecerão contra Sua igreja porque ela está fundamentada sobre a Rocha, que é Cristo. Somos pedras vivas estabelecidas sobre a Pedra Viva. Não somos palhas levadas pelo vento. 
Somos casa espiritual: v.5
Somos a casa de Deus. Cada um de nós somos pedras que formam a casa de Deus (1Tm 3.15; Hb 3.6). Somos o templo do Espírito Santo. 
Estamos sendo estabelecidos como casa espiritual para sermos sacerdócio santo:
“edificados como casa espiritual para serdes um sacerdócio santo”. No Antigo Testamento, o sacerdote era “santo”, ou seja, separado por Deus e para Deus. Era o representante do povo na presença de Deus. A comunidade de Israel também era uma comunidade sacerdotal (Êx 19.6), mas não podia se aproximar da presença de Deus (Êx 19.21: “E disse o Senhor a Moisés: Desce, adverte ao povo que não traspasse o termo para ver o Senhor, para que muitos deles não pereçam”). O povo de Israel se aproximava de Deus através dos sacerdotes. Na nova aliança, Deus está presente em nós por Seu Espírito e todos nós, pelo sangue de Cristo, temos livre acesso à presença de Deus. 
Somos a manifestação da presença de Deus. Deus está em nós e entre nós! Precisamos ser aquecidos com a presença da Glória do Senhor, pois, muitas vezes nossos corações estão petrificados, envolvidos no ativismo religioso. Estamos tão preocupados com reuniões, orçamentos, planejamentos, alvos, estratégias... Tudo isso é importante, mas não deve ocupar nosso coração mais do que a presença de Deus. 
Deus manifesta Sua gloriosa presença em Seu povo e por meio do Seu povo! 
No início do v.4 há uma ordem importante: “chegando-vos para ele”, melhor traduzido como “chegai-vos a ele” (BJ). O verbo está no particípio, ou seja, nós somos “aqueles que se aproximam” da “pedra viva”, mas, de acordo com alguns comentaristas, o particípio, aqui, apresenta a força de um imperativo.
Os sacerdotes do Antigo Testamento se aproximavam de Deus. Na nova aliança, toda a comunidade deve se aproximar de Deus. Observe: precisamos nos achegar à presença de Deus. A presença de Deus já é manifesta entre nós, mas ela não é automática ou mecanicamente usufruída por nós, até nos dispormos verdadeiramente a buscá-la.
Há uma força (como a “força da gravidade”) que nos puxa para baixo. Como disse Billy Graham, o diabo sempre tem um barco pronto para nos levar para longe de Deus, mas a Palavra de Deus nos exorta para que nos aproximemos de Deus: “Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós.” (Tiago 4.8).
É importante lembrarmos a situação dos leitores de Pedro: sofriam perseguições. Mas a perseguição não era razão ou justificativa para eles não se aproximarem de Deus. Em meio ao fogo da provação, eles precisavam desejar, como criança recém-nascida, o genuíno leite espiritual através do qual eles poderiam crescer espiritualmente (1Pe 2.2-3). A fé deles precisa amadurecer, apesar da situação difícil. 
Isso é uma lição para nossas vidas, uma vez que temos a tendência de justificar nossa mediocridade espiritual pelas pressões que enfrentamos no cotidiano. Alguns dizem que não conseguem meditar na Palavra e orar por causa da escassez de tempo por causa do estresse, por causa de problemas familiares ou por causa de outros tipos de dificuldades. Nada, porém, pode impedir nosso crescimento espiritual. 
Somos sacerdócio santo para oferecermos sacrifícios espirituais agradáveis a Deus: “a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo”. Na antiga aliança, os sacerdotes ofereciam sacrifícios a Deus no tabernáculo ou no templo. Deus aceitava o culto de Israel mediante esses sacrifícios (Lv 1 – 6). No entanto, a comunidade da nova aliança não entrega animais sacrificados, mas entrega-se a si mesmo como ato de culto. Nossos sacrifícios são:
- nosso corpo como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus: Rm 12.2. 
- o louvor dos nossos lábios que confessam o nome de Jesus: Hb 13.16.
- nosso dinheiro e bens materiais empregados no serviço de Deus: Fp 4.18. 
- as vidas que se rendem ao Senhor Jesus por meio de nosso serviço, são sacrifícios agradáveis a Deus: Rm 15.16. 
Os sacrifícios espirituais devem ser aceitáveis/agradáveis a Deus. No Antigo Testamento, por diversas vezes Deus manifestou sua insatisfação em relação ao culto de Israel: 
“Já estou farto dos holocaustos de carneiros, e da gordura de animais cevados; nem me agrado de sangue de bezerros, nem de cordeiros, nem de bodes”. (Isaías 1.11). 
“Odeio, desprezo as vossas festas, e as vossas assembleias solenes não me exalarão bom cheiro.” (Amós 5.21).
“Eu não tenho prazer em vós, diz o Senhor dos Exércitos, nem aceitarei oferta da vossa mão.” (Malaquias 1.10). 
Equivocadamente podemos achar que Deus aceita automaticamente nosso culto. Mas, às vezes, precisamos refletir se nosso culto tem sido agradável a Ele. 
Quando nosso culto desagrada a Deus? Quando ele não é oferecido por meio de Jesus Cristo: “a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo”.  Só podemos entrar na presença de Deus porque Cristo, nosso Sumo Sacerdote, ofereceu-se a Si mesmo como perfeito sacrifício e entrou na presença de Deus. Precisamos de Cristo não somente para nossa justificação. Se cada ato é um ato de culto a Deus, e se o nosso culto é oferecido por meio de Jesus Cristo, então precisamos de Cristo para tudo o que fazemos. Todos os dias, quando abrimos os nossos olhos, precisamos declarar nossa dependência de Cristo. 
Somos o povo da fé: v.7
Nos v.6-8, Pedro afirma que Jesus é a “pedra angular, eleita e preciosa” (v.6) que foi rejeitada pelos “descrentes” (v.7) e se tornou para eles “pedra de tropeço e rocha de ofensa” (v.8). Para aqueles que creem, contudo, Cristo é a pedra preciosa.
Há um contraste entre os descrentes e os crentes. Os descrentes rejeitam a pedra, enquanto os crentes consideram a pedra como “preciosa”. Os crentes edificam suas vidas sobre a pedra, Cristo (eles oferecem seus sacrifícios espirituais a Deus por meio de Jesus Cristo – final do v.5). Para os descrentes, Cristo é a pedra de tropeço e a rocha de ofensa. Os crentes caminham sobre essa pedra, os descrentes tropeçam nessa pedra. 
No início do v.7, Pedro afirma que o povo de Deus é o povo da fé (“os que credes”) e, assim “ele fortalece os leitores com sua carta e os encoraja a depositar confiança em Jesus”4. Os crentes estavam sendo perseguidos e precisam saber que essa perseguição era resultado da incredulidade daqueles que rejeitavam a Cristo. Eles deveriam saber que jamais seriam envergonhados ou abandonados por Cristo. 
Somos o povo da fé. Vivemos pela fé. Mas precisamos entender que nossa fé precisa ser renovada continuamente. O verbo O verbo “pisteou” (os que credes) está no particípio presente ativo, transmitindo a ideia de continuidade. Portanto, “o ato de chegar-se a Jesus é um ato de fé que acontece não apenas uma vez, mas continuamente”5. A fé de ontem não serve para hoje, pois hoje é o tempo de crer em Deus e em suas promessas. Assim, a fé precisa ser renovada a cada dia. É por isso que Paulo recomenda: “Examinai-vos a vós mesmos se permaneceis na fé...” (2 Coríntios 13:5). 
Talvez muitos de nós precisam fazer esta oração: “Creio, ajuda-me a vencer a minha incredulidade!” (Marcos 9:24 – NVI). Ou seja: “Senhor, tu sabes que já temos fé, mas ajuda-nos a termos mais fé”. 
A nossa identidade para com o mundo: v.9
No v.9, Pedro emprega quatro expressões significativas: “raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus”. Todas essas expressões estão orientadas para o final do verso, onde se afirma que o povo de Deus foi estabelecido por Deus a fim de anunciar as “virtudes /grandezas” de Deus. Uma expressão parecida é encontrada em Atos 2.11: “todos nós temos ouvido em nossas próprias línguas falar das grandezas de Deus”. O próprio Pedro estava em Jerusalém quando várias nações ouviram falar das “grandezas de Deus”. Agora, aqui em sua carta, ele diz que a igreja é o povo chamado para anunciar as grandezas de Deus para as nações. Ou seja, esse v.9 define a identidade do povo de Deus em sua relação para com o mundo perdido.
Somos a raça eleita
O termo “raça” ou “geração” descreve a igreja de Cristo como a composição de uma nova raça de gente. Ela é “eleita”, ou seja, escolhida por Deus antes da fundação do mundo. 
Precisamos lembrar que a nação de Israel foi escolhida a fim de ser benção para todas as nações do mundo (Gn 12.1-2). Do mesmo modo, a Igreja é nova raça eleita para proclamar as virtudes daquele que a chamou das trevas para a sua maravilhosa luz.   
Somos o sacerdócio real 
No Antigo Testamento, o sacerdote representava o povo na presença de Deus. Agora todos nós, como povo de Deus, temos acesso à presença de Deus por meio de Cristo Jesus.  
É “real” porque é o sacerdócio que serve ao Rei dos reis e também porque esse sacerdócio participa do reinado de Cristo (Ap 1.6; 5.10; 20.4,6; 22.5).  
É importante reiterar, nesse ponto, que o sacerdote da antiga aliança entrava na presença de Deus a fim de interceder pelo povo. Deste modo, os “sacrifícios espirituais” que oferecemos a Deus (v.5), não são somente o nosso culto oferecido a Deus (Rm 12.2), mas são também atos de favor de outros. É “um sacerdócio a favor dos outros, primeiramente dos irmãos (cf. 4.7-11), mas também daqueles que não fazem parte da família da fé, chegando mesmo àqueles que no presente os estão hostilizando e perseguindo (cf. 2.12,15-16; 3.1,9)”6.
  
Nessa linha de pensamento, em 1Pe 2.12, Pedro explica que os cristãos devem apresentar uma conduta exemplar para que os pagãos venham se converter ao Senhor: “Vivam entre os pagãos de maneira exemplar para que, naquilo em que eles os acusam de praticarem o mal, observem as boas obras que vocês praticam e glorifiquem a Deus no dia da sua intervenção.”  (NVI). 
Paulo dizia que foi colocado como “um ministro de Cristo Jesus para os gentios, com o dever sacerdotal de proclamar o evangelho de Deus, para que os gentios se tornem uma oferta aceitável a Deus, santificados pelo Espírito Santo” (Romanos 15:16 – NVI). Quando os “gentios” se convertem, eles são consagrados como “ofertas” a Deus. 
O próprio Cristo apresenta-se como Sacerdote pelo modo como Ele “se colocou entre Deus e os homens, para interceder por estes a Deus, por um lado, e outro lado para trazer a eles a palavra e as demandas de Deus”.7
Cristo foi enviado ao mundo pelo Pai e nós também somos enviados para o mundo por Cristo: “assim como o Pai me enviou, também eu vos envio a vós” (João 20.21).
Portanto, do mesmo modo como o sacerdote do Antigo Testamento conduzia os demais israelitas à presença de Deus, nós, como sacerdócio real, precisamos conduzir outras pessoas à presença de Deus. 
Cada crente é um pontifix. Este termo, de origem latina, corresponde à nossa palavra “sacerdote” e significa “construtor de pontes”. Cristo é o Sumo Sacerdote porque Ele construiu a ponte entre Deus e os homens. Nós também somos sacerdotes: construímos pontes, levamos pessoas a Deus. Derrubamos muros para construir pontes. 

Somos a nação santa 
Somos chamados para sermos santos, como é Santo aquele que nos chamou (1Pe 1.15). A “nação santa” é um povo separado por Deus para prestar um serviço para o mundo. 
No Antigo Testamento, o substantivo qadosh, “santo”, deriva da raiz verbal karat, “cortar”. Este termo originalmente era aplicado à atividade dos cortadores de pedras, nas pedreiras. As pedras eram cortadas e separadas para serem usadas em construções. Portanto, “separar” não sugere um isolacionismo, mas, sim, uma separação com fins de participar de uma construção. Ora, isso é santidade: somos separados do mundo, mas não para vivermos isolados do mundo somos separados para sermos usados na construção do Reino de Deus neste mundo. Assim, santidade é separar-se do mundo e, ao mesmo tempo, comprometer-se com a transformação do mundo. 
Quando foi vocacionado por Deus, Isaías estava no templo (Is 6). Depois, porém, de ouvir o canto dos serafins que diziam “Santo, santo, santo é o Senhor dos Exércitos, a terra inteira está cheia da sua glória” (Is 6.3), o profeta se dispôs para sair do templo: “Eis-me aqui. Envia-me!” (Is 6.8). 
A contemplação da santidade de Deus nos impulsiona para o mundo, onde Deus está fazendo Sua obra. 
Ser santo é ser diferente do mundo, mas de maneira alguma isso significa ser indiferente ao mundo. Aprendemos, assim, um princípio: quando contemplamos a Deus, contemplamos o mundo que nos cerca. 

Somos o povo de propriedade exclusiva de Deus
Ou seja, somos o povo comprado por Deus para pertencer exclusivamente a Deus.
Esse povo pertence a Deus para anunciar os grandes feitos de Deus: “para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz”. 
O profeta Isaías faz uma afirmação parecida: “A esse povo que formei para mim; o meu louvor relatarão.” (Isaías 43.21). 
O termo “virtudes” em 1Pe 2.10 é a tradução do termo grego aretas, que pode ser traduzido como “grandezas” (NVI), “excelências” (BJ), “feitos maravilhosos de Deus” (BLH). Possivelmente a palavra corresponde ao hebraico tehillah, “louvor”. No livro dos Salmos, comumente os salmistas declaram os grandes feitos de Deus. De acordo com o Novo Testamento, o abra de Cristo é o maior feito de Deus. 
Somos o povo que celebra os atos poderosos de Deus!
Somos o povo que alcançou misericórdia: v.10
Veja a força do início do v.10: “Vós, que em outro tempo não éreis povo, mas agora sois povo de Deus”. 
As “grandezas/virtudes” (v.9) que anunciamos se tornaram uma realidade em nossas vidas e é por isso que devem ser anunciadas por nós. 
A misericórdia de Deus é o fundamento de nossa missão no mundo. A misericórdia recebida nos transforma em transmissores de misericórdia.
Precisamos notar a expressão “que não tínheis alcançado misericórdia, mas agora alcançastes misericórdia”. “As palavras do grego indicam que os leitores tinham vivido sem Deus durante um longo tempo, período este no qual haviam tentado, mas não tinham conseguido alcançar misericórdia para si.”8 Vemos uma multidão de fiéis fazendo promessas para uma imagem de Nossa Senhora Aparecida. São pessoas buscando desesperadamente misericórdia. Vemos radicais islâmicos explodindo a si mesmos e matando milhares de pessoas por uma causa religiosa. São pessoas buscando desesperadamente misericórdia. Vemos pessoas buscando respostas para o vazio existencial na filosofia ou nas religiões. São pessoas buscando desesperadamente misericórdia.
Nós também estávamos procurando misericórdia, Pedro, porém, diz: “mas agora alcançastes misericórdia”. Agora, alcançamos o que procurávamos. Alcançamos a graça e o perdão de Deus. 
Não éramos povo. Agora somos povo de Deus. Não tínhamos recebido misericórdia, mas agora recebemos misericórdia. 
Como falta graça em nosso meio evangélico! Recebemos misericórdia. Será que concedemos misericórdia? Vida sem a graça não tem graça. Só quem encontrou misericórdia poderá conceder misericórdia. 
Há muitas pessoas em nossas igrejas que têm força de vontade para realizar a obra de Deus, mas não têm graça e misericórdia. Só força de vontade não basta, pois, se eu tiver somente força de vontade, mas não tiver graça, certamente desistirei do outro quando ele não corresponder às minhas expectativas. 
Se nossas ações não forem movidas pela graça, só ajudaremos o outro quando e enquanto nos for conveniente. Por isso, que essas palavras adentrem nossos corações: somos o povo que recebeu misericórdia e agora, porque recebemos graça sobre graça, devemos transmitir misericórdia, anunciando os feitos poderosos de Deus àqueles que não encontraram misericórdia.  
Conclusão
Precisamos entender quem nós somos em nossa relação para com Deus e quem nós somos em nossa relação para com o mundo. 
Somos o povo separado por Deus e para Deus, chamado para anunciar as grandezas de Deus. 
Todas as nossas ações devem estar voltadas para Deus. Mas, quando nos voltamos para Deus e compreendemos nossa sociedade na perspectiva de Deus, entendemos que todas as nossas ações precisam estar voltadas para a sociedade para que ela seja impactada pelas grandezas daquele que nos chamou das trevas para sua maravilhosa luz. 
Precisamos parar de falar que nossos dias são difíceis. Nossos dias são dias de oportunidade! Nunca na história a igreja teve a oportunidade de compartilhar do evangelho como nos dias de hoje. Em nossos dias, temos as redes sociais, temos a internet que nos permite transmitir a mensagem do evangelho para pessoas que moram em terras longínquas. Em nossos dias, milhares de refugiados estão saindo de países com liberdade restringida e estão migrando para países onde o evangelho pode ser livremente pregado. Deus está fazendo a obra! Nossos dias são dias em que muitas pessoas que procuram misericórdia podem encontrar misericórdia. 
Deus está movendo a história para que todo o mundo ouça a respeito do Senhor Jesus. Basta a igreja se engajar nessa obra que o próprio Deus está realizando. 
_________________________________
1ELLIOTT, John H. Um lar para quem não tem casa: interpretação sociológica da Primeira Carta de Pedro. Santo André: Academia Cristã / São Paulo: Paulus, 2011. 
2ELLIOTT, John H. Um lar para quem não tem casa, p. 297. 
3ELLIOTT, John H. Um lar para quem não tem casa, p. 298. 
4KISTEMAKER, Simon J. Epístola de Pedro e Judas. São Paulo: Cultura Cristã, 2006, p. 122. 
5KISTEMAKER, Simon J. Epístola de Pedro e Judas. São Paulo: Cultura Cristã, 2006, p. 116.
6MUELLER, Ênio R. 1Pedro: introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 2001, p. 178.  
7MUELLER, Ênio R. 1Pedro: introdução e comentário, p. 178. 
8KISTEMAKER, Simon J. Epístola de Pedro e Judas. São Paulo: Cultura Cristã, 2006, p. 128.
 
http://www.pulpitocristao.com

quarta-feira, 27 de abril de 2016

SEXO, PODER E DINHEIRO: CUIDADO COM QUEM DOMINA VOCÊ

sexo, poder e dinheiro


SEXO, PODER E DINHEIRO: CUIDADO COM QUEM DOMINA VOCÊ

 por Mark Jones

 
“Se você quer saber quem domina você, descubra quem você está proibido de criticar” (Voltaire)
Se as três irmãs da graça são fé, esperança e amor, também podemos dizer que as três irmãs da carne são sexo, poder e dinheiro.
Anos atrás, eu fui alertado sobre essas irmãs da carne.

Todos nós somos constituídos de maneira diferente em corpo e alma. E nossas constituições naturais alimentam desejos particulares, pois o corpo e alma possuem um relacionamento orgânico entre si. Além disso, a posição social de uma pessoa também tem implicações para os tipos de pecado que ela comete: aqueles que são prósperos são inclinados a certos pecados, aqueles que são pobres a outros. Aqueles que têm grande intelecto são inclinados ao orgulho. Os pais devem ser cuidadosos antes de chamar seus filhos de o próximo Einstein.
Certos pecados são mais dominantes em diferentes estágios da vida. Uma criança possui um coração que será inclinado a certos pecados somente mais tarde. Além disso, os desejos pecaminosos dos indivíduos duram de acordo com suas variadas vocações. Judas roubou porque ele era pecador, e também porque, como tesoureiro, foi colocado diante de uma oportunidade fácil de roubar.
Para responder à objeção de que certos pecados são contrários a outros e que os homens não são dados a todos os tipos de cobiça, Thomas Goodwin explica que as pessoas são inclinadas a diferentes pecados em diferentes estágios de suas vidas. Assim, o jovem pródigo pode tornar-se cobiçoso quando for idoso. Também é verdade que algumas pessoas têm antipatia por certos pecados, mas essa antipatia não é moral, mas física, “ou porque seus corpos não suportam ou por algum outro incômodo que eles veem naquilo” (Goodwin). Um hipocondríaco pode não visitar uma prostituta por temor de ficar doente, em vez de temor de Deus.
A tentação para Davi ter Bate-Seba foi fortalecida pelo fato de que ele podia ter Bate-Seba. Essa tentação para a lascívia foi obviamente diferente para Davi quando ele era velho. Se nós pudéssemos ter qualquer mulher que quiséssemos, provavelmente lutaríamos muito mais com tentação sexual do que fazemos. O quaterback bonitão da universidade normalmente tem tentações maiores com mulheres que o capitão-assistente da equipe de xadrez.
Talvez nós devamos agradecer a Deus agora porque não somos particularmente atraentes ou bonitos; nós podemos agradecer a Deus porque não desfrutamos de muitos sucesso; nós podemos descobrir um dia que ele nos manteve pobre (ou com a aparência relativamente mediana) para nos salvar e guardar de muitos pecados.
Nós podemos não achar que dinheiro é tentação até que a porta para o dinheiro se abra um pouquinho. Logo, como um leão provando sangue pela primeira vez, a porta se abre, nossos bolsos começam a ficar cheio daquilo que nos controla, e estamos indefesos contra a putrefação que se iniciou. Tudo isso para dizer que não sabemos o quanto amamos o dinheiro até que se torne realmente uma tentação real. Fique alerta: aqueles que lhe dão dinheiro provavelmente também controlam você de alguma forma. E, assim, você rapidamente é incapaz de criticá-los de qualquer maneira, forma ou jeito. Você se torna cada vez mais cego, como os ídolos a quem você serve (Sl 115). Eu fico feliz que meu empregador é a igreja local e nenhuma organização tem controle sobre mim porque me pagam um monte de dinheiro.
Nós podemos não achar que amamos o poder até que tenhamos um gosto do poder. Tudo o que eu tenho visto até agora em círculos reformados tem somente me convencido que não somente o dinheiro corrompe, mas o poder corrompe ainda mais. De fato, quanto mais dinheiro, mais poder. Aqueles que estão no poder podem rapidamente cultivar uma cultura do medo. Como Voltaire disse, “Se você quer saber quem domina você, descubra quem você está proibido de criticar”. Eu acho que alguns de nós poderiam achar esse exame bastante desconfortável.
M’Cheyne disse bem: “As sementes de todos os pecados estão em meu coração e talvez o mais perigoso é que eu não as vejo”. Imagine ter amigos que realmente desafiarão você e lhe dirão que você está sendo estúpido!
Autor: Mark Jones
Tradutor: Josaías Jr
Fonte: www.reformation21.org

sábado, 23 de abril de 2016

A NOVA MODA DOS PETISTAS: A CUSPARADA. É POSSIVEL UM NEGÓCIO DESSE!!!!





Parece que a esquerda adotou uma nova forma de protesto: A cusparada. Depois de Jean Willys, Zé de Abreu. Ainda não sabemos se o comportamento se aplica somente aos esquerdistas pederastras... A saber. Por hora adianto aos dois que não devem esperar serem cuspidos de volta, pois isto é coisa de viado e prostituta de baixo calão. Mas se fosse comigo a cena descrita pelo Zé, a pancada ia comer até alguém apartar... ah ia!

Danilo Fernandes
Genizah 
 
 
 

quarta-feira, 20 de abril de 2016

O Evangelho segundo Lucas - Jesus o Homem Perfeito

Para que conheças a certeza das coisas de que já estás informado Lucas 1.4


Ao longo da História da Igreja, algumas indagações acerca dos Evangelhos foram feitas por cristãos sinceros:
(1) Como os Evangelhos surgiram?
(2) Como obra literária, de que maneira devemos entender os Evangelhos?
(3) O que os Evangelhos nos contam sobre Jesus?

Sabemos que pessoas, inspiradas pelo Espírito Santo, escreveram os quatro primeiros livros do Novo Testamento. Entretanto, de acordo com as perguntas acima, queremos saber como os autores dos Evangelhos obtiveram as informações sobre a vida e o ministério de Jesus; Por que os Evangelhos são tão parecidos e, ao mesmo tempo, tão diferentes?

Sem a pretensão de respondermos essas questões no presente espaço (é impossível tal empreendimento), podemos perceber que o Evangelho de Lucas, dentre os quatro, tem uma particular contribuição para compreendermos a formação dos Evangelhos que falam do nosso Senhor. Leia o seguinte texto:
"Tendo, pois, muito empreendido pôr em ordem a narração dos fatos que entre nós se cumpriram, segundo nos transmitiram os mesmos que os presenciaram desde o princípio e foram ministros da palavra, pareceu-me também a mim conveniente descrevê-los a ti, ó excelentíssimo Teófilo, por sua ordem, havendo-me já informado minuciosamente de tudo desde o princípio, para que conheças a certeza das coisas que já estás informado" (Lc 1.1-4). Agora correlacione essa passagem com a de Atos 1.1,3:
"Fiz o primeiro tratado, ó Teófilo, acerca de tudo que Jesus começou, não só a fazer, mas a ensinar, [...] aos quais também, depois de ter padecido, se apresentou vivo, com muitas e infalíveis provas, sendo visto por eles por espaço de quarenta dias e falando do que respeita ao Reino de Deus".

Podemos dizer que o evangelista Lucas é o autor sacro que dá as pistas da história das origens cristãs, pois as introduções do seu Evangelho e do Livro de Atos revelam que:
(1) Lucas selecionou e pôs em ordem os fatos narrados no Evangelho; 
(2) Esses fatos foram transmitidos pelas testemunhas oculares de Cristo e pelos ministros, os apóstolos, da Palavra que "transmitiam" verdades sobre Jesus; 
(3) haviam outros escritos sobre Jesus, mas coube a Lucas organizar e relatar o dele.

Com isso, fica claro que o médico amado, doutor Lucas, é o autor do Evangelho considerado o mais histórico e cronológico dentre os quatro Evangelhos. Um tratado extraordinário sobre Jesus e a sua obra!
Revista Ensinador Cristão

COMENTÁRIO
O Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas é conhecido como “a mais bela obra do mundo”.

Neste trimestre estudaremos a respeito do terceiro Evangelho, cujo autor é Lucas, o médico amado. Seu relato é um dos mais completos e ricos em detalhes a respeito do nascimento e infância do Salvador. Lucas era um gentio, talvez por isso, em sua narrativa, procure apresentar a Jesus como o Filho do Homem. Ele apresenta o Salvador como o Homem Perfeito que veio salvar a todos, judeus e gentios.

O Novo Testamento apresenta os Evangelhos em ordem de importância ou de uso nas comunidades, e não pela cronologia, assim encontramos no N.T: Mateus, Marcos, LUCAS e João.
INTRODUÇÃO
Lucas, o médico amado, não foi um apóstolo nem tampouco foi uma testemunha ocular da vida de Jesus, todavia deixou uma das mais belas obras literárias já escritas sobre os feitos do Salvador e os primeiros anos da comunidade cristã. A narrativa de Lucas descreve, com riqueza de detalhes, o ministério terreno de Jesus, como ele nasceu, cresceu, libertou os oprimidos, formou os seus discípulos, morreu pendurado em uma cruz e ressuscitou dos mortos.

O terceiro Evangelho possui uma forte ênfase carismática. Mais do que qualquer outro evangelista ou escritor do Novo Testamento, Lucas dá amplo destaque à pessoa do Espírito Santo durante o ministério público de Jesus até sua efusão sobre os cristãos primitivos. Nesse aspecto, a obra de Lucas deve ser entendida como um compêndio de dois volumes, onde o segundo volume, Atos dos Apóstolos, é entendido a partir do primeiro, o terceiro Evangelho, e vice-versa.

Um erro bastante comum cometido por vários teólogos, principalmente aqueles que não creem na atualidade dos dons espirituais, é tentar “paulinizar” os escritos de Lucas. Por não entenderem o pensamento lucano, não o vendo como teólogo como de fato ele era, mas apenas como um historiador, tentam interpretá-lo à luz dos escritos de Paulo. Evidentemente que toda Escritura é inspirada por Deus e que o princípio da analogia é uma das ferramentas básicas da boa exegese, todavia isso não nos dá o direito de transformar Lucas em mero coadjuvante da teologia paulina. Em outras palavras, Paulo deve ser usado para se compreender corretamente Lucas, mas também Lucas deve ser consultado para se querer entender, de fato, o que Paulo escreveu.

Esse entendimento se torna mais ainda relevante quando aplicamos essa metodologia em relação aos carismas do Espírito narrado no terceiro Evangelho, em Atos dos Apóstolos e nas epístolas paulinas. Se Paulo foi um teólogo, possuindo independência para falar dos dons do Espírito, Lucas da mesma forma também o foi e seu pensamento é tão relevante quanto o de Paulo. Nesse aspecto Lucas não deve ser entendido apenas como um narrador de fatos históricos, mas como um teólogo que escreveu a história.

Este livro mostra facetas dessa abordagem metodológica na interpretação de Lucas, mas não segue o modelo adotado nos comentários de natureza puramente expositiva como são, por exemplo, as obras de Leon Morris, William Hendriksen, Fritz Rienecker, J.C. Ryle e outros. Isso tem uma razão de ser — o presente texto não é um comentário versículo por versículo do evangelho de Lucas, nem mesmo capítulo por capítulo. Antes, é uma abordagem temática dos principais fatos ocorridos durante o ministério público de Jesus, como por exemplo, seu nascimento, crescimento, morte e ressurreição. Tendo sido escrito como texto de apoio às Lições Bíblicas de Jovens e Adultos da Escola Dominical esse tipo de abordagem permite trazer um comentário mais exaustivo sobre cada tema, mas, sem dúvida, limita um estudo mais expositivo do texto bíblico. Isso explica, por exemplo, o porquê de determinados textos, mesmo sendo importantes dentro do contexto da teologia lucana, não terem sido abordados aqui. [1]

O Evangelho de Jesus Cristo segundo escreveu Lucas se distingue pelo seu estilo literário, pelo seu vocabulário e uso que faz do grego, considerado pelos eruditos como o mais refinado do Novo Testamento.

I - O TERCEIRO EVANGELHO
1. AUTORIA E DATA.
Como veremos mais adiante, a tradição que atribui autoria lucana para o terceiro Evangelho é muito antiga. No texto bíblico, as referências ao “médico amado” são Colossenses 4.14; 2 Timóteo 4.11 e Filemon 24. Todavia assim como outros escritos do Novo Testamento, o terceiro Evangelho também não traz grafado o nome de seu autor.

Evidências internas da autoria lucana
Diferentemente de outros livros neotestamentários que são anônimos, o terceiro Evangelho deixou pistas que permitiram à igreja atribuir a Lucas, o médico amado, a sua autoria. Alguns desses indícios internos listados pelos biblistas são:

1. Tanto o livro de Lucas como o livro de Atos são endereçados a uma pessoa identificada como Teófilo. “Tendo, pois, muitos empreendido pôr em ordem a narração dos fatos que entre nós se cumpriram, segundo nos transmitiram os mesmos que os presenciaram desde o princípio e foram ministros da palavra, pareceu-me também a mim conveniente descrevê-los a ti, ó excelentíssimo Teófilo, por sua ordem, havendo-me já informado minuciosamente de tudo desde o princípio” (Lc 1.3), “Fiz o primeiro tratado, ó Teófilo, acerca de tudo que Jesus começou, não só a fazer, mas a ensinar, até ao dia em que foi recebido em cima, depois de ter dado mandamentos, pelo Espírito Santo, aos apóstolos que escolhera; aos quais também, depois de ter padecido, se apresentou vivo, com muitas e infalíveis provas, sendo visto por eles por espaço de quarenta dias e falando do que respeita ao Reino de Deus” (At 1.1-3).

2. Como vimos, o livro de Atos se refere a um outro livro que fora escrito anteriormente (At 1.1), que sem dúvida alguma trata-se do terceiro Evangelho. Quem escreveu Atos dos Apóstolos, portanto, escreveu também o terceiro evangelho.

3. O estilo literário e as características estruturais de Lucas e Atos apontam na direção de um só autor;

4. Muitos temas comuns ao terceiro Evangelho e Atos não são encontrados em nenhum outro lugar do Novo Testamento. Por exemplo, a ênfase na ação carismática do Espírito Santo sobre Jesus e seus seguidores (Lc 24.49; At 1.4-8). Devemos observar ainda, como destaca Walter Liefeld, dentro dessa perspectiva, que o autor de Lucas-Atos não foi uma testemunha ocular dos feitos de Jesus, mas um cristão da segunda geração que se propôs a documentar a tradição existente sobre Jesus e o andar dos primeiros cristãos. Na passagem de Atos 16.10-17, a referência à primeira pessoa do plural (nós) além de revelar que Lucas era um dos companheiros de Paulo na segunda viagem missionária mostra também que era ele quem documentava esses registros:
“E, logo depois desta visão, procuramos partir para a Macedônia, concluindo que o Senhor nos chamava para lhes anunciarmos o evangelho. E, navegando de Trôade, fomos correndo em caminho direito para a Samotrácia e, no dia seguinte, para Neápolis; e dali, para Filipos, que é a primeira cidade desta parte da Macedônia e é uma colônia; e estivemos alguns dias nesta cidade. No dia de sábado, saímos fora das portas, para a beira do rio, onde julgávamos haver um lugar para oração; e, assentando-nos, falamos às mulheres que ali se ajuntaram. E uma certa mulher, chamada Lídia, vendedora de púrpura, da cidade de Tiatira, e que servia a Deus, nos ouvia, e o Senhor lhe abriu o coração para que estivesse atenta ao que Paulo dizia. Depois que foi batizada, ela e a sua casa, nos rogou, dizendo: Se haveis julgado que eu seja fiel ao Senhor, entrai em minha casa e ficai ali. E nos constrangeu a isso. E aconteceu que, indo nós à oração, nos saiu ao encontro uma jovem que tinha espírito de adivinhação, a qual, adivinhando, dava grande lucro aos seus senhores. Esta, seguindo a Paulo e a nós, clamava, dizendo: Estes homens, que nos anunciam o caminho da salvação, são servos do Deus Altíssimo” (At 16.10-17).
Essas evidências internas, sem sombra de dúvidas, apontam a autoria lucana do terceiro Evangelho. A propósito, em 1882 o escritor W.K. Hobart em seu livro: A Linguagem Médica de Lucas demonstrou a existência de vários termos médicos usados no terceiro Evangelho, o que confirmaria a autoria lucana. Posteriormente a obra O Estilo Literário de Lucas, escrita por H. J. Cadbury tentou mostrar que não somente Lucas usou termos médicos em sua obra, mas que outros escritores, mesmo não sendo médicos, fizeram o mesmo. Mas como bem observou William Hendriksen, quando se faz um paralelo entre Lucas e os demais Evangelhos Sinóticos observa-se a peculiaridade do vocabulário médico empregado por Lucas. Hendriksen comparou, por exemplo, Lucas 4.38 com Mateus 8.14 e Marcos 1.30 (a natureza ou grau da febre da sogra de Pedro); Lucas 5.12 com Mateus 8.2 e Marcos 1.40 (a lepra); e Lucas 8.43 com Marcos 5.26 (a mulher e os médicos). Ainda de acordo com Hendriksen, pode-se acrescentar facilmente outros pequenos toques. Por exemplo, somente Lucas declara que era a mão direita que estava seca (6.6, cf. Mt 12.10; Mc 3.1); e entre os escritores sinóticos, somente Lucas menciona que foi a orelha direita do servo do sumo sacerdote a ser cortada (22.50; cf. Mt 26.51 e Mc 14.47). Compare também Lucas 5.18 com Mateus 9.2, 6 e Marcos 2.3, 5, 9; e cf. Lucas 18.25 com Mateus 19.24 e Marcos 10.25. Além do mais, conclui Hendrinksen, embora seja verdade que os quatro Evangelhos apresentam Cristo como o Médico compassivo da alma e do corpo, e ao fazê-lo revelam que seus escritores também eram homens de terna compaixão, em nenhuma parte é este traço mais abundantemente notório que no Terceiro Evangelho.

Evidências externas da autoria lucana
Além dessas evidências internas, há também diversas evidências externas, que fazem parte da tradição cristã, atestando a autoria lucana para o terceiro Evangelho. Uma delas, o cânon muratoriano, escrita em cerca de 180 d.C., confirma a autoria de Lucas: “o terceiro livro do Evangelho, segundo Lucas, que era médico, que após a ascensão de Cristo, quando Paulo o tinha levado com ele como companheiro de sua jornada, compôs em seu próprio nome, com base em relatório”. Em cerca de 135 d.C., antes portanto do Cânon muratoriano, Marcião, o herege, também atesta a autoria de Lucas para o terceiro Evangelho. Testemunho confirmado posteriormente por Irineu (Contra as Heresias, 3.14-1) e outros escritores posteriores.

Data de Composição da Obra
A data da composição do terceiro evangelho é melhor definida pelos biblistas quando se leva em conta alguns fatores. Por exemplo, se Lucas valeu-se do Evangelho de Marcos como uma de suas fontes, nesse caso é preciso situá-lo em data posterior ao escrito de Marcos que foi redigido alguns anos antes do ano 70 d.C. Segundo, se Lucas é o primeiro volume de uma obra em dois volumes (Lucas-Atos), como se acredita que é, fica bastante evidente que o terceiro Evangelho foi compilado antes dos Atos dos Apóstolos. Nesse caso será preciso primeiramente datar o livro de Atos. Os eruditos acreditam que, levando-se em conta uma análise detalhada do livro de Atos dos Apóstolos, a data para sua redação está entre 61 a 65 d.C. Em Terceiro lugar, a data para a redação de Lucas dependerá também de como se interpreta o sermão feito por Cristo sobre a destruição de Jerusalém (Lc 21.8-36). Nesse caso, argumentam os críticos, Lucas escreveu depois da destruição de Jerusalém no ano 70 visto ter feito referência aos fatos ocorridos nessa data. Esse argumento é fraco, visto que Cristo proferiu uma profecia sobre os eventos do fim e que tiveram início na destruição de Jerusalém. E o que os teólogos denominam de vaticinium ex eventu, isto é, uma profecia que é feita antes que o evento ocorra. Em quarto lugar, muitos críticos argumentam em favor de uma data mais tardia para Lucas, porque segundo eles, algumas situações mostradas nas obras de Lucas demonstrariam situações que ainda não existiam nos anos 60 e 70 d.C. Mas esse é um argumento que não se sustenta pelas mesmas razões já expostas anteriormente. Em resumo, Lucas redigiu sua obra entre os anos 60 e 70, sendo que alguns estudiosos opinam para a primeira parte dessa década enquanto outros pela segunda. Seja como for, isso em nada altera aquilo que Lucas escreveu. [1]

2. A OBRA.
Os textos de Lucas estão entre os mais literários dos livros do Novo Testamento, distintos no original por seu estilo fluente e belo. Lucas é o único dos autores a escrever uma seqüência — o Livro de Atos — que conta a história da igreja primitiva e sua disseminação. Diferentemente dos outros Evangelhos, cujo conteúdo pode ser traçado a partir do passado pelas narrativas das testemunhas oculares da vida de Jesus compartilhada com seus discípulos, Mateus, João e Pedro (a fonte do Evangelho de Marcos), Lucas desenvolve sua narrativa através do que poderíamos chamar, hoje, de “reportagem investigativa”. Na introdução, Lucas nos conta (1.1-4) que seu trabalho é fruto de cuidadosa pesquisa, no estilo de “uma narrativa ordenada” com o objetivo de levar o leitor “para que conheças a certeza das coisas de que já estás informado”. E muito provável que Lucas tenha realizado a maior parte de sua pesquisa durante os anos em que Paulo esteve preso em Cesaréia, aguardando julgamento (cf. At 23-27).

A exemplo de outros escritores do Evangelho, Lucas tem em mente determinada audiência. Para tanto, moldou seu material para reforçar temas de especial interesse a esse público e aos seus leitores em geral. Muitos concordam que Lucas escreve para os helenistas, com raízes na cultura grega, cujo ideal é arete, “excelência”. Lucas, sempre ciente da divindade de Jesus, também o considerava como o ser humano ideal, capaz de redefinir a excelência.

A “excelência” em Jesus, é vista não como uma superioridade pessoal em detrimento dos outros, mas uma superioridade pessoal expressa na preocupação com os outros. Os demais valores de Jesus são sutilmente desprezados pela sociedade: a mulher, o pobre, o excluído. A confiança de Jesus na oração e no Espírito Santo revela a humanidade em sua íntima relação com o universo, dependente de um Deus que, embora exista além de nós, nos ama de tal maneira que decidiu se envolver inteiramente em nossa vida. Tudo isso faz de Lucas talvez o mais caloroso e sensível dos quatro Evangelhos e nos proporciona o mais atraente dos retratos de Jesus Cristo. [2]

3. OS DESTINATÁRIOS ORIGINAIS.
E inegável que Lucas, como um teólogo, demonstrou um grande interesse pelos fatos históricos quando redigiu sua obra. O prólogo, escrito a Teófilo, que se acredita ser um gentio de alta posição social, atesta isso. “Tendo, pois, muitos empreendido pôr em ordem a narração dos fatos que entre nós se cumpriram, segundo nos transmitiram os mesmos que os presenciaram desde o princípio e foram ministros da palavra, pareceu-me também a mim conveniente descrevê-los a ti, ó excelentíssimo Teófilo, por sua ordem, havendo-me já informado minuciosamente de tudo desde o princípio, para que conheças a certeza das coisas de que já estás informado” (Lc 1.1-4). [1]

Pode se dizer que além deste ilustre destinatário (Teófilo), Lucas também escreveu aos gentios. O terceiro Evangelho pode ser classificado como sendo de natureza soteriológica e carismática. Soteriológica, porque narra o plano da salvação, e carismática porque dá amplo destaque ao papel do Espírito Santo como capacitador do ministério de Jesus Cristo.


II - OS FUNDAMENTOS E HISTORICIDADE DA FÉ CRISTÃ
1. O CRISTIANISMO NO SEU CONTEXTO HISTÓRICO.
Como um escritor inspirado e um teólogo cristão, Lucas mostra que o tempo do cumprimento das promessas de Deus, preditas nos antigos profetas, havia chegado. Fica claro para ele que o advento do cristianismo foi precedido pela renovação do Espírito profético. O último profeta, Malaquias, havia silenciado cerca de quatrocentos anos antes. Esse hiato entre os dois testamentos é conhecido como período inter-bíblico. Agora esse silêncio é rompido, primeiramente pelo anúncio feito a Zacarias, pai de João Batista (Lc 1.13) e posteriormente a Maria, a mãe de Jesus (Lc 1.28). É, contudo, no ministério de João Batista, que Lucas mostra a restauração da antiga profecia bíblica: “E, no ano quinze do império de Tibério César, sendo Pôncio Pilatos governador da Judeia, e Herodes, tetrarca* da Galileia, e seu irmão Filipe, tetrarca da Itureia e da província de Traconites, e Lisânias, tetrarca de Abilene, sendo Anás e Caifás sumos sacerdotes, veio no deserto a palavra de Deus a João, filho de Zacarias” (Lc 3.1-2).

Essa restauração da antiga profecia bíblica, como veremos em capítulos posteriores, é importante no contexto da teologia carismática de Lucas. Já foi dito que Lucas escreveu uma obra em dois volumes e esse é um fato importante porque essa homogeneidade nos ajuda compreender a ação do Espírito Santo na teologia Lucas-Atos. No Evangelho, Lucas mostra o Espírito atuando sobre o Messias e capacitando-o para realizar as obras de Deus como havia sido prometido nas profecias (Lc 4.18; Is 61.1). Por outro lado, no livro de Atos está o cumprimento da promessa do Messias de derramar esse mesmo Espírito sobre os seus seguidores (Lc 11.13; 24.49; At 1.8). Em outras palavras, o mesmo revestimento de poder que estava sobre Jesus Cristo e que o capacitou a curar os enfermos, ressuscitar os mortos e expulsar os demônios seria também dado a seus seguidores quando ele fosse glorificado. “De sorte que, exaltado pela destra de Deus e tendo recebido do Pai a promessa do Espírito Santo, derramou isto que vós agora vedes e ouvis” (At 2.33); “nós somos testemunhas acerca destas palavras, nós e também o Espírito Santo, que Deus deu àqueles que lhe obedecem” (At 5.32). [1]

*Tetrarca (v.l): Governador de uma das quatro partes em que se dividiam alguns estados.
Herodes (v.l): Herodes, o Grande, era rei da judéia, de 39 a 4 AC. Seu filho, Herodes Antipas, que degolou João Batista, era tetrarca da Galiléia, 4 AC a 39 AD.
Herodes Agripa I, que matou a Tiago (At 12) era rei de 27 a 44 AD.
Eis a negra lista dos que governavam no lugar de Davi! Tibério, Pôncio Pilatos, Herodes, Filipe (irmão de Herodes), Anás e Caifás eram homens acerca dos quais sabemos muito pouco, a não ser que eram cruéis, pérfidos, traiçoeiros e sem escrúpulo.
E suficiente isto para salientar o fato de haver chegado o tempo da imperiosa necessidade de João Batista iniciar sua obra.
Nunca nos convém cair no desespero por causa das nuvens sombrias e ameaçadoras que pairam mais e mais sobre a humanidade. Como no tempo de João Batista, a hbertação dos céus pode estar mais perto do que pensamos. Num momento Deus pode tornar as trevas da meia noite no clarão do meio dia.

2. DISCIPULADO ATRAVÉS DOS FATOS.
Lc 1.4. O verbo instruído ê freqüentemente usado para a instrução dos convertidos cristãos ou os interessados {katècheõ; ver Atos 18:25; 1 Co 14:19, etc.). Alguns deduzem que Teófilo era crente, e apoiam esta ideia com o argumento de que dificilmente teria sido o patrocinador literário de Lucas se não o fosse. Contra a ideia, no entanto, insiste-se que provavelmente teria sido chamado “irmão” se fosse crente. De qualquer maneira, o verbo pode ser usado de um relatório tanto hostil como errado (e, g. Atos 21:21, 24), de modo que devamos conservar aberta a possibilidade de que não passasse dalguém de fora que estava interessado. Certamente sabia alguma coisa acerca da fé cristã, e Lucas quer que ele saiba as verdades dela. Ne d B. Stonehouse entende que a verdade é especialmente importante no Prólogo. O “impacto principal” do Prólogo é “que o cristianismo é verdadeiro e é capaz de confirmação mediante o apelo aquilo que acontecera.” [3]

A palavra grega katecheo, traduzida como “informado” ou “instruído” no versículo 4, deu origem à palavra portuguesa catequese. Esse vocábulo significa também: doutrinar, ensinar e convencer. Nesse contexto possui o sentido de “discipular”. Lucas escreveu o seu Evangelho para formar discípulos. O discipulado, para ser autêntico, deve fundamentar-se na veracidade dos fatos da fé cristã. Nos primeiros versículos do seu Evangelho, Lucas revela, portanto, quais seriam as razões da sua obra (Lucas 1.1-4). O terceiro Evangelho foi escrito para mostrar os fundamentos das verdades nas quais os cristãos são instruídos.

A veracidade dos fatos narrados por Lucas pode ser comprovada pela história.


III - A UNIVERSALIDADE DA SALVAÇÃO
1. A HISTÓRIA DA SALVAÇÃO.
A história da Salvação no terceiro Evangelho é revelada em seu aspecto particular e universal. Sem dúvida a ênfase maior está na universalidade da Salvação. Jesus veio para os judeus, mas não somente para estes, ele veio também para os gentios. A Salvação é para todos! Esse princípio teológico de Lucas fica em evidência quando se observa o lugar que os excluídos ocupam nos seus registros. No anúncio do nascimento de Jesus feito pelos anjos aos camponeses foi dito: “Vos trago boa-nova de grande alegria, que o será para todo o povo” (Lc 2.10). [1]


O terceiro Evangelho registra as duas primeiras etapas e o livro de Atos, a terceira (Lc 16.16). No contexto de Lucas a expressão a “Lei e os Profetas” é uma referência ao Antigo Testamento, onde é narrado o plano de Deus para o povo de Israel. A frase “anunciado o Reino de Deus” se refere ao tempo de Jesus que, através do Espírito Santo, realiza e manifesta o Reino de Deus. O tempo da Igreja ocorre quando o Espírito Santo, que estava sobre Jesus, é derramado sobre todos os crentes.

2. A SALVAÇÃO EM SEU ASPECTO UNIVERSAL.
Todo o povo, e não apenas os judeus, era objeto da graça de Deus. E inegável a atenção que se dá aos pobres, excluídos e marginalizados no Evangelho de Lucas. O Espírito Santo estava sobre Jesus para “evangelizar os pobres” (Lc 4.18). É interessante observarmos que a palavra grega ptochoi, traduzida como pobres, significa alguém que possui alguma carência. E exatamente esses carentes que Jesus irá priorizar em seu ministério. Ele dará grande atenção aos publicanos, pecadores, mulheres e aos samaritanos que eram discriminados naquela cultura (Lc 5.32; 7.34-39;9.51-56; 10.3; 15.1; 17.16; 18.13; 19.10).

Essa Salvação predita pelos profetas, anunciada pelos anjos e declamada em forma poética pelo sacerdote Zacarias e Maria, mãe de Jesus, é também de natureza escatológica. A teologia lucana mostra João anunciado a chegada do Reino e Jesus estabelecendo-o durante o seu ministério. Todavia esse Reino inaugurado pela manifestação messiânica (Lc 4.43; 8.1; 9.2; 17.21) ainda não está revelado em toda a sua extensão. Já podemos, sim, viver a sua realidade no presente, mas a sua plenitude somente na sua parousial (At 1.6-11).
Essa é a nossa esperança! [1]

Parousia = A palavra Parousia foi usada pelos gregos para mostrar não só a chegada senão a real estância ou presença subseqüente.

Todos estão incluídos no plano salvífico de Deus: gentios e judeus.

SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
“A Verdadeira Identidade do Filho"
Os aspectos-chave na vida de Jesus ajudaram os primeiros cristãos a perceber, de uma forma nova e única, que Ele era o ‘Filho de Deus’.
 A encarnação. Jesus foi concebido pelo poder do Espírito Santo de Deus, e não por um pai humano. De forma consistente, também falou de como saiu ‘do Pai’ para vir ‘ao mundo’ (Jo 16.28). Enquanto, para outros seres humanos, o nascimento é o início da vida, o nascimento de Jesus era uma encarnação — Ele existia como o Filho de Deus antes de seu nascimento humano. Jesus, de forma distinta dos governantes pagãos, não era um filho adotado dos deuses, mas sim o eterno Filho de Deus.
 O reconhecimento por Satanás e pelos demônios. Enquanto a identidade verdadeira de Jesus, durante seu ministério terreno, estava velada para seus discípulos, ela foi reconhecida por Satanás (Mt 4.3,6) e pelos demônios (Lc 8.28).
 A ressurreição e ascensão. Jesus foi morto por afirmar que falava e agia como o Filho de Deus. A ressurreição representou a confirmação de Deus de que Jesus falava a verdade sobre si mesmo. Paulo apontou a ressurreição como a revelação ou declaração da verdadeira identidade de Jesus como Filho de Deus (Rm 1.4). Depois da ressurreição, Jesus retornou ao Pai para ficar no lugar de honra, à direita de Deus.
(Guia Cristão de Leitura da Bíblia. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2013, pp.34,35)


IV - A IDENTIDADE DE JESUS, O MESSIAS ESPERADO
1. JESUS, O HOMEM PERFEITO.
Seu nome é Filho de Deus não por causa de quaisquer façanhas extraordinárias ou por causa de uma graça que posteriormente se derrama sobre Ele, mas por ter sido em essência e desde a eternidade o Filho perpétuo de Deus – por isso ele também continuou sendo o Filho de Deus no momento de se tornar humano, em virtude de sua maravilhosa geração, ocorrida a partir de Deus por intermédio do Espírito Santo. Cristo é verdadeiro Deus, porém da mesma maneira verdadeiro ser humano. Jesus é o único ser humano que certamente precisava nascer, mas não renascer. [4]

Este é o primeiro emprego que Lucas faz da expressão o Filho do homem, que empregará, ao todo, vinte e seis vezes. É a designação predileta de Jesus para Si mesmo, e acha-se mais de 80 vezes nos Evangelhos, e isto em todos os estratos que os críticos discernem em todos os quatro Evangelhos. É empregada somente por Jesus (excetuando-se Estêvão em At 7:56). Parece ser Sua maneira de referir-Se ao Seu messiado com o emprego de um termo que não despertaria as associações erradas nas mentes dos homens. O Filho do homem, pois, falou a palavra da cura e ordenou o paralítico que tomasse seu leito e fosse para casa. [3]

Filho do homem. Expressão hebraica que significa, principalmente, uma posição humilde, depravação, ou ausência de privilégios especiais. Por cerca de oitenta vezes essa expressão é usada para indicar Jesus, e não é usada com referência a algum profeta por vir, como alguns supõem. Mateus 16:13-15 mostra que embora Jesus tivesse falado na terceira pessoa, o termo se refere a ele mesmo. Essa expressão pode conter dois sentidos principais:
1. Apresentação de Jesus como ser humano típico, isto é, representante da raça humana. Esse é o significado comum dos termos que contêm a expressão «filho de». 

2. Identificação que Jesus fez de si mesmo com a personagem profética de Daniel 7:13,14. Isso fica claro em I Co 16:13-17. Tudo indica que Jesus usou esse termo com ambos os sentidos. Sua missão usualmente é implícita, incluindo até a sua missão futura, ambas em um segundo advento (Mateus 10:23), e como Juiz universal (João 5:22-27). Neste versículo, a ênfase recai sobre a ideia de sua posição humilde, como homem, ideia de desvalorização. [5]

No Evangelho de Lucas, Jesus aparece como o “Filho de Deus” (Lc 1.35) e “Filho do Homem” (Lc 5.24). São expressões messiânicas que revelam a deidade de Jesus. A primeira expressão mostra Jesus como verdadeiro Deus enquanto a segunda, que ocorre 25 vezes no terceiro Evangelho, mostra-o como verdadeiro homem. Ele é o Filho do Homem, o Homem Perfeito. Ao usar o título “Filho do Homem” para si mesmo, Jesus evita ser confundido com o Messias político esperado pelos judeus. Como Homem Perfeito, Jesus era obediente a seus pais. Todavia, estava consciente de sua natureza divina (Lc 2.4-52). É como o Homem Perfeito que Jesus enfrenta, e derrota, Satanás na tentação do deserto (Lc 4.1-13).


2. O MESSIAS E O ESPÍRITO SANTO.
O Espírito do Senhor é sobre mim, pois me ungiu para... (Lc 4.18)
Notem-se os cinco ofícios com que o Espírito Santo habilitou Jesus:

1) Evangelista, “pois me ungiu para evangelizar os pobres”. Uma das marcas mais notáveis da divindade do ministério de Cristo, em grande contraste a qualquer outra obra no mundo, foi a de evangelizar “a toda criatura”, inclusive aos pobres e desprezados.

2) Médico, “enviou-me a curar”.Jesus, ao voltar do deserto, iniciou Sua investida tríplice contra o reino de Satanás (Mt 4.23): O diabo dominava os pensamentos dos homens, Jesus os livrara ensinando. O mesmo inimigo escravizava a vontade dos homens, Jesus a libertava pregando o Evangelho. Satanás afligia os corpos e as almas dos homens por meio de doenças e demônios, Jesus os curava.

3) Libertador, “a apregoar liberdade aos cativos”. Jesus é o verdadeiro Emancipador, rompendo o poder do mal sobre a vida dos homens.

4) Uurrúna/hr, “dar vista aos cegos”. Sua obra de restaurar vista aos cegos servia como símbolo de Ele restaurar vista, também, aos olhos espirituais. Note-se como Cristo primeiramente abriu os olhos físicos ao cego de nascença (Jo 9) e depois seus olhos espirituais. Ele é que ilumina, pois é a Luz do mundo. (Jo 9.5.)

5) Restaurador, “anunciar o ano aceitável do Senhor.” (Comp. 2 Co 6.2.) Isto é, Cristo anunciava a chegada da era de grandes favores dos céus para os homens. Refere-se primeiramente ao ano do jubileu. (Lv 25.8-22.) De cinqüenta em cinqüenta anos o sacerdote tocava a trombeta anunciando a vibrantíssima notída de que chegara o dia 1) de todos os escravos ficarem livres, 2) de todas as terras reverterem aos seus primeiros proprietários, 3) de perdão generoso de dívidas. O Senhor pregava, proclamando, o jubileu espiritual, quando os cativos de Satanás foram soltos, quando a dívida do pecado foi cancelada, e quando a herança perdida pelo primeiro Adão, foi restaurada pelo segundo Adão. [6]

Lucas revela que Jesus, o Messias, como Homem Perfeito, dependia do Espírito Santo no desempenho do seu ministério (Lc 4.18). Isaías, o profeta messiânico, mostra a estreita relação que o Messias manteria com o Espírito do Senhor (Is 11.1,2; 42.1). O Messias seria aquele sobre quem repousaria o Espírito do Senhor, tal como profetizara Isaías e Jesus aplicara a si, na sinagoga em Nazaré (Lc 4.16-19; Is 61.1).

Lucas apresenta Jesus como o Filho de Deus e o Filho do Homem, ressaltando tanto a sua humanidade quanto a sua divindade.

“Lucas descreveu como o Filho de Deus entrou na História. Jesus viveu de forma exemplar, foi o Homem Perfeito. Depois de um ministério perfeito, Ele se entregou como sacrifício perfeito pelos nossos pecados, para que pudéssemos ser salvos.
Jesus é o nosso Líder e Salvador perfeito. Ele oferece perdão a todos aqueles que o aceitam como Senhor de suas vidas e creem que aquilo que Ele diz é a verdade”
(Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. RJ: CPAD, p.1337)

O terceiro Evangelho é considerado a coroa dos Evangelhos sinóticos. Enquanto o Evangelho de Mateus enfoca a realeza do Messias e Marcos o poder, Lucas enfatiza o amor de Deus. Lucas é o Evangelho do Homem Perfeito; da alegria (Lc 1.28; 2.11; 19.37; 24.53); da misericórdia (Lc 1.78,79); do perdão (7.36-50; 19.1-10); da oração (Lc 6.12; 11.1; 22.39-45); dos pobres e necessitados (Lc 4.18) e do poder e da força do Espírito Santo (Lc 1.15,35; 3.22; 4.1; 4.14; 4.17-20; 10.21; 11.13; 24.49). Lucas é, portanto, o Evangelho do crente que quer conhecer melhor o seu Senhor e ser cheio do Espírito Santo.


PARA REFLETIR
Sobre os ensinos do Evangelho de Lucas, responda:
A quem é atribuída a autoria do terceiro Evangelho?
A autoria é atribuída a Lucas, o médico amado.

Como devemos entender o termo “informado” usado por Lucas no capítulo 1 do seu Evangelho?
O vocábulo significa também “doutrinar”, “ensinar” e “convencer”.

Como Jesus é revelado no Evangelho de Lucas?
Ele é revelado como “Filho de Deus” e “Filho do Homem”.

As expressões “Filho do Homem” devem ser entendidas em que sentindo no terceiro Evangelho?
Devem ser entendidas como expressões que mostram o relacionamento de Jesus com a humanidade.

De acordo com a lição, como é considerado o terceiro Evangelho?
Ele é considerado a coroa dos Evangelhos Sinóticos.


Fontes:
[1]José Gonçalves. Lucas, O Evangelho de Jesus, o Homem Perfeito. Editora CPAD.
[2]RICHARDS. Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia. Uma análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo.Editora CPAD.
[3]Leon L. Morris. Lucas. Introdução e Comentário. Editora Vida Nova.
[4]Fritz Rienecker. Comentário Esperança Evangelho de Lucas. Editora Evangélica Esperança.
[5]CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 2. pag. 343.
[6]Orlando S. Boyer. Espada Cortante 2. Editora CPAD.
Guia Cristão de Leitura da Bíblia. 1ª Edição.RJ-CPAD
PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD
Bíblia de Estudo Pentecostal. Editora CPAD
Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Editora CPAD
Bíblia Defesa da Fé
Estudando a lição da EBD-Estuda a Licao ebd
Revista Ensinador Cristão - CPAD

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